terça-feira, 29 de outubro de 2013

orgulho e cimento


Passei os olhos pelo Público on-line e descobri este projecto "Pride and concrete" sobre a história dos emigrantes romenos que no final da década de 80, após a queda do regime comunista de Ceaușescu, emigraram para França. Ou melhor, sobre a transformação radical da paisagem rural, resultante do regresso destes emigrantes às suas aldeias de origem.  As economias dos emigrantes impuseram uma radical mudança na paisagem da região: grandes casas, em estilo francês, brotaram da terra, fruto e evidência do enriquecimento e sucesso daqueles que abandonaram a sua terra natal em busca de melhores condições de vida. O tamanho e exuberância das casas que constroem na sua terra é proporcional ao orgulho que sentem pelo seu êxito no estrangeiro.
Um mundo de contrastes quase surreal. É impressionante, vale mesma a pena espreitar.

domingo, 27 de outubro de 2013

ultimato

A mensagem do e-mail não podia ser mais clara: "Família, como sabem agora tenho uma vida muito ocupada, principalmente com os ensaios aos fins de semana (das 15h às 20h). Está complicado ir a casa. Assim, convido-vos (PRESENÇA OBRIGATÓRIA, por isso venham) a vir no sábado ao cinema comigo no âmbito do festival de cinema francês. Vamos ver "Alceste à bicyclette", que me pareceu o mais divertido e apropriado. NÂO ACEITO NÃOS! PS. Mãe, telefona-me porque preciso que me tragas coisinhas de casa."

E foi assim ontem ao serão. Já não é a primeira vez que ela nos faz isto...  Escolher os nossos filmes.  E continua a acertar. 


 De Bicicleta com Moliére, Philippe Le Guay, 2013

Gauthier Valence, actor de cinema e televisão com grande sucesso, decide encenar "Le Misanthrope", de Moliére. Viaja para a Ilha de Ré para começar a distribuição dos papéis. Espera conseguir convencer o seu grande amigo Serge Tanneur a regressar ao palco.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

penne de camarão com alho francês

A receita é já um clássico cá de casa e a Marta a cozinheira de serviço nos últimos dias. E que bem que cozinha esta miúda que diz que não quer ser chef.... quer-me parecer, a mim que sou uma amadora, que ela até tinha jeito para estas coisas da cozinha. Quem sabe se queira dedicar à nouvelle cuisine ou um dia destes, como já sugeriu a Daniela, ir fazer um workshop no Le Cordon Bleu em Paris. 

No wook colocar 3 dentes de alho esmagados à mão, um alho francês às rodelas e  um pouco de azeite. Deixar 5 min em lume normal. Adicionar 10 a 15 tomates cereja, 2 a 3 colheres de chá de pesto de manjericão e 400 g de miolo de camarão. Temperar com sal e cebolinho cortado e deixar 10-15 min ou até que o camarão esteja cozinhado. Adicionar o penne cozido e misturar, deixando em lume brando mais 3-5 min. Depois de desligar, polvilhar com salsa picada. Servir com queijo da Ilha ralado. Bon  appétit!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

conversas de mãe e filha - post do desalento

Eu sei que é difícil não cair em tentação. Que as investidas são muitas e surgem de todo o lado. Que mesmo quando já estamos muito cansados, quase no limite das nossas forças, há sempre alguém a chamar-nos para mais um jantar, para mais um copo...  E que, ainda com o rescaldo de todas as horas de sono mal dormidas e com o corpo a puxar-nos para o lado da razão, há qualquer coisa cá dentro que tomba para o irracional. Eu sei que há coisas por que temos de passar, porque só assim conseguiremos fazer as nossas escolhas, aquelas que nos vão definir como pessoas e cidadãos/cidadãs responsáveis. Eu sei que tudo isto é conversa da treta e que agora tens mais é de ir para o meio do folclore e levar com a água nas bentas. Eu sei porque também já andei por aí... E decidi que aquilo não era vida para mim. Pronto, tenho dito! Agora vou ali à TVi receber o prémio de mãe mais galinha do mundo.

Coimbra, Latada, 1988

PS. Parabéns pela audição no TEUC.

domingo, 20 de outubro de 2013

dead or alive

Banksy, o misterioso graffiter britânico, que há mais de 15 anos espalha as suas obras pelas ruas do mundo, encontra-se desde o início de Outubro em Nova Iorque com um novo projecto Better Out Than In, revelando todos os dias, em diferentes locais da cidade,  um novo trabalho. O primeiro foi este:



Mas o presidente da Câmara de Nova Iorque parece ser pouco apreciador de arte urbana, ao ponto de afirmar em declarações ao New York Post que "o graffiti é um sinal de decadência e de perda de controlo”. E, para além de ter dado ordem aos funcionários da Câmara para começarem a "limpar " a cidade, também já colocou a polícia nova-iorquina à caça ao artista, cuja identidade permanece desconhecida. Indiferente à polémica, o autor continua a sua obra. E ainda bem!

Não consigo perceber como é que se pode chamar vandalismo a isto.






sábado, 19 de outubro de 2013

cães, gatos e filhos

A determinada altura uma pessoa já nem se incomoda com os pêlos dos cães e dos gatos, que se espalham no chão, nos móveis, nos sofás. E habituamo-nos a conviver com eles, com os animais. As gatas, mais independentes, deslocam-se pachorrentas pela casa e de manhã deleitam-se aninhadas nas cobertas das camas ainda por fazer. Se o sol não se for embora, por ali ficarão todo o dia. A gata mais nova, tímida, costuma fugir para o quintal do vizinho e por lá fica, só aparecendo quando já é noite. Já a cadela anda sempre à volta dos nossos pés. Se nos sentamos, deita-se a menos de 3 metros de distância; se nos levantamos, levanta-se de um pulo e segue-nos para onde quer que vamos. Procura uma bola ou um objecto mais próximo e chama-nos tropeçando nos nossos pés e saltando-nos para as pernas. As minhas já parecem um mapa-mundo, cheias de nódoas negras. Um dia destes apercebi-me duma agitação invulgar no andar de cima. A cadela ladrava e parecia dar saltos de excitação sobre o soalho. Levantei-me da secretária e fui investigar. À medida que subia as escadas, um miado zangado e estridente aumentava de intensidade. No quarto da filha mais velha, gata e cadela ensaiavam uma espécie de dança, de frente uma para a outra. Aproximo-me e vejo a gata com um pássaro preso na boca, que defendia violentamente das investidas curiosas da cadela. Tive que agarrar na cadela com força e afugentar a gata que, num ápice, correu para o quintal com o seu troféu de caça, deixando um rasto de penas pela casa fora. E eu, incrédula e zangada, com vontade de espetar um tabefe em alguém, desatei a rir às gargalhada diante deste espectáculo. Pois, pois, para quem nunca quis animais de estimação estás a sair-te muito bem - pensei. Mas como é que eu me deixei enrolar? Como? A culpa é toda delas, das filhas, que não descansaram enquanto não me puseram a apanhar cocós de cães e a mudar a areia do mijo dos gatos. Os filhos conseguem ser muito cruéis! Às vezes só me apetece mandá-los embora a todos (cães, gatos e filhos) e ter esta casa vazia só para mim ...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

un petit monde II

Há cerca de um ano publiquei neste blogue algumas fotos do projecto un petit monde, da autoria de Kurt Moses. Entretanto as fotos deixaram de estar visíveis, protegidas por direitos do autor. Hoje, ao visitar o site do fotógrafo, reparei na existência de novas fotos e resolvi voltar a partilhar algumas. Aqui estão elas, pelo menos enquanto não forem censuradas. E se voltar a acontecer paciência, temos sempre a fonte original.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

maria e mãe

A Maria saiu de casa e foi para a Universidade. A mãe recomeçou o trabalho e deixou de lado tantas coisas que gostaria de ter feito. A Maria foi estudar ciências, mas hoje inscreveu-se no teatro e até fez uma audição. A mãe estudou ciências e hoje ouviu nas notícias que uma outra mãe, também de 43 anos, ganhou o prémio Leya. A Maria pintou o cabelo cor de beringela. A mãe voltou a cortar o cabelo curto. A Maria diz que quer fazer uma tatuagem pequena no pulso, quase imperceptível. Há dias em que a mãe lhe apetece tatuar o braço todo.
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