terça-feira, 10 de dezembro de 2013

domingo, 8 de dezembro de 2013

há gelo no meu quintal

Domingo, 10h30 da manhã. Já nem está frio, pelo menos o sol vai aquecendo o dia e a roupa pode ir secando ao ar. Está agradável cá fora e a há quem aproveite, e bem. No meio deste pequeno intervalo de Inverno alguém faz uma descoberta - gelo a boiar no cimo da banheira que temos no meio do quintal. Um espelho de gelo, transparente e quebradiço, como um lago nórdico em versão miniatura. Pois sim, o sol dos dias engana, já as noites não... anda por aí um frio de rachar.
Dei-me conta que ainda não fizemos bolo de noz com a colheita deste ano. No próximo fim-de-semana, espero!

foto da Marta. Está bonita, não está? Que jeito tem esta miúda...

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

tu és eu e eu sou tu

"Switcheroo" é um projecto muito interessante da fotógrafa canadiana Hana Pesut. Um conjunto de retratos em que ela e ele trocam de roupa, num registo um tanto ou quanto cómico, um tanto ou quanto perturbador. Isto da neutralidade do género ainda tem muito que se lhe diga, pelo menos no que toca à indumentária.



mais fotos aqui e aqui

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

as auto-caravanas



Quando éramos miúdas costumávamos ir acampar nas férias. O meu pai tinha transformado uma antiga Toyota Hiace numa auto-caravana, que usámos durante anos a fio no Verão. No interior, o espaço era aproveitado ao máximo - mesas que se transformavam em camas, imensas gavetas e arrumos, módulos que podiam ser removidos e instalados cá fora. Existia também uma sanita química, um chuveiro de exterior que se podia pendurar nas árvores, toldo, cadeiras, geleira. Enfim, uma mini-casa móvel que ao longo do tempo ía sofrendo adaptações e up-grades para se ajustar às nossas necessidades de auto-caravanistas amadores. Lembro-me dum ano em que o meu pai fixou um estrado por cima do tejadilho da carrinha e era aí que montávamos a tenda canadiana (uma daquelas azuis e laranja dos anos 80) onde eu e a minha irmã dormíamos. Um género de uma autocaravana-duplex de dois andares... Essa Toyota (já muito velhinha) ainda foi usada nas nossas primeiras férias com as miúdas pequenas (aquela na foto é a Maria, devia ter uns 3, 4 anos), mas depois foi vendida. Mais tarde veio uma Fiat Ducato toda preparadinha de origem, com casa de banho independente e chuveiro e esquentador, e tudo e tudo! Mas desta guardo menos recordações e muito poucas histórias. Depois, durante muitos anos, as autocaravanas andaram esquecidas. Até agora! De há uns meses para cá dei por mim a pesquisar modelos, preços, comparar especificações, quantos lugares de livrete, quantas dormidas, o tipo de motor, se 1,9, 2,5 ou 2,9, o ano de matrícula, o nº de Kms, se a montagem é Hymer-Eriba ou Karmann ou Burstner. Todos os dias ao serão, mesmo antes de deitar, a mesma rotina: pesquisar as últimas novidades de auto-caravanas usadas, escolher, enviar e-mails a pedir mais fotos, colocar de lado. Tenho listas organizadas por preços e modelos, hoje acrescento mais uma, amanhã retiro outra que já não está disponível, porque foi vendida.. Às vezes penso que nunca vou chegar a ter uma, que vou continuar a passar os serões neste jogo da procura da auto-caravana perdida, neste faz-de-conta sem fim, numa espécie de catarse para expurgar os desvarios do dia.
É bem capaz de existir uma teoria qualquer da psicanálise que explique estas coisas...

terça-feira, 26 de novembro de 2013

o fio e a meada

Por vezes não conseguimos escrever. Por vezes fica tudo entrelaçado e perdemos o fio à meada. Como começar a desenrolar este novelo? Onde está a ponta? Sentamo-nos e nada acontece. Esperamos um pouco, tentamos recomeçar, ou melhor, começar aquilo que ainda não foi iniciado, e parece que não estamos ali, parece que pairamos sobre nós mesmos à procura de um sentido, de uma palavra. Mas essa palavra não chega.

Ilustração de Annalisa Bollini, Itália

terça-feira, 19 de novembro de 2013

a avó


Nesta foto ela era capaz de ter a minha idade, talvez mais uns 2 ou 3 anos... Sorria, ao deixar-se apanhar pela objectiva do fotógrafo, enquanto o avô os conduzia ao casamento de uma das sobrinhas. A imagem que me ficou dele não é muito diferente desta. Já a dela não! Envelheceu connosco a ver-nos nascer, a mudar-nos as fraldas, a tratar-nos dos raspões nos joelhos. O cabelo a ficar mais branco, e ela a preparar-nos os lanches e a mandar-nos para a escola, a ver-nos casar e a sair de casa, e a entrarmos noutras casas e noutras famílias que passaram também a ser dela. As pernas a teimarem não acompanhar o corpo na vontade das tantas coisas por fazer, e ela a ver nascer os bisnetos, enquanto lentamente a velhice se instalava. Aos poucos a idade foi-lhe roubando pedaços de vida e autonomia. Apesar de ainda muito lúcida, por vezes as linhas da memória enovelam-se e é capaz de me perguntar, durante uma conversa sobre coisas passadas, o que é feito do pai dela...

A mim fascinam-me estas fotografias antigas, a elegância deles, o ar jovial e feliz dela. Imagino as histórias daquele dia, o amanhecer mais cedo, o café da manhã, as cumplicidades. Será que dançaram a valsa essa noite na festa?

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

é a vida






Há coisas que não mudam, como se fossem intemporais! O texto abaixo do filósofo José Gil tem quase uma década, mas podia ter sido escrito hoje. É a vida!

"Esta frase com que o apresentador da RTP termina amiúde o Jornal da Noite dá o tema do ambiente mental em que vivemos. (...) Depois de assistirmos às notícias sobre raptos, assassinatos, acidentes de viação, mortos palestinianos e israelitas, descobertas de centenas de vítimas taliban asfixiadas em contentores no Afeganistão, surge uma notícia que, como uma luz divina, redime todo o mal espalhado pela Terra: nasceu um bebé panda no Zoo de Pequim! O apresentador sorri largamente, pisca mesmo um olho cúmplice aos telespectadores. Depois das imagens de futebol, remata enfim, com um tom sábio: "É a vida!" É a vida, pois. Que mais quereis? É a vida lá fora, não há nada a fazer, é assim, vivei a vossa paz com serenidade, não há nada a temer, é lá longe que tudo acontece e, no entanto, estou aqui eu para vo-lo mostar inteiro, o mundo, ide, ide às vossas ocupações que a vida continua."  

in "Portugal, hoje - O medo de existir", José Gil, 2004, Relógio D'Água 

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

amamentar em público


Acabei de ler esta notícia a dar conta duma iniciativa do governo inglês que, ao abrigo de um projecto piloto, vai oferecer vouchers até 200 libras a mães que deixem de alimentar os seus bebés a biberão e passem a amamentá-los em público. Sim, leram bem, não é apenas amamentar, é amamentar mas em público! É ainda citado um artigo de opinião no qual a autora, Susan Bright, ao reflectir sobre os tabus ainda existentes com o corpo das mulheres grávidas e no pós-parto, defende que a maioria das mães que amamentam não se sente confortável em expor-se publicamente e que, para ultrapassar a vergonha de amamentar em público é necessária a existência de cada vez mais fotografias de mães a fazê-lo na cultura visual popular. Desculpem, ultrapassar a vergonha? Mas o que é isto? Toda esta conversa sobre a amamentação e as teorias à volta deste assunto não me convencem. Ou melhor, não se pode padronizar um comportamento A ou B e impor às jovens mães como devem cuidar dos seus filhos. Que o leite materno traz benefícios aos recém-nascidos, parece não oferecer dúvidas (se bem que ainda não consegui perceber até onde vai esse benefício). Agora, que se queiram definir regras sobre algo exclusivamente do foro privado, que não diz respeito a mais ninguém, a não ser às mães, é para mim completamente absurdo. 
As minhas filhas, as duas já adolescentes, foram amamentadas durante 6 meses, nem sei bem porquê. Foi assim porque foi e, até à data, nenhuma delas me cobrou nada. Eu, fui amamentada durante 1 mês, até ao dia em que a minha mãe retomou a jornada diária das 8 horas de trabalho e, tal como a grande maioria dos bebés da altura, a partir dessa data passei a ser alimentada a biberão. Não me foi diagnosticado, até ver, nenhum tipo de síndrome do bebé desmamado ao mês, e a minha relação afectiva com a minha mãe não podia ser melhor. Não me recordo se alguma vez amamentei as minhas filhas em público e é até bem provável que nunca o tenha feito. Se tivesse calhado, calhava e pronto, também não teria feito disso um grande quebra-cabeças. Mas para mim, amamentar foi sempre um momento do foro íntimo e que apenas em circunstâncias de excepção, o tornaria público. Outras mães com certeza terão opiniões diferentes. Cada qual amamenta onde e como bem quer, e se o entender! Sem estigmas, vouchers ou outras discriminações..

domingo, 10 de novembro de 2013

a good wife always knows her place

Em 1955 nos EUA o guia da esposa perfeita ensinava a mulher a receber o seu esposo, depois da jornada diária de trabalho... Certamente que por terras lusas as regras das boas maneiras não seriam muito diferentes. Ainda bem que os tempos mudaram! Hoje é aceitável que possamos receber os nossos esposos vestidas com a roupa de andar por casa, fatos de treino inundados do vómito das crianças ou mesmo até de pijama... A trabalheira que não dava ter de maquilhar, colocar um vestidinho assim pr'ó melhorzito, andar de saltos altos na cozinha... não devia ser nada fácil, não... 



quarta-feira, 6 de novembro de 2013

o silêncio



A vida muda na casa com a saída de um filho. Suponho que numa família pequena, com um ou dois filhos, essa mudança se sinta ainda mais. No nosso caso, o facto da filha mais velha ter ido estudar para fora veio trazer, por exemplo, uma grande inquietação na gestão das roupas, acessórios e afins. Numa altura em que mãe e filhas adolescentes partilham alguns haveres femininos, não há um dia em que não dê por falta de algo: aquele casaco das andorinhas, a echarpé esverdeada, o lápis azul dos olhos, enfim... coisas que agora ora estão cá, ora estão lá, algumas certamente nem nunca mais irão regressar. Mas é ao entrar em casa, no final do dia, que vem a maior estranheza...  O silêncio! Uma casa sem barulho, nem gritos, nem insultos entre irmãs. É este silêncio súbito que ainda me anda a desconcertar. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

orgulho e cimento


Passei os olhos pelo Público on-line e descobri este projecto "Pride and concrete" sobre a história dos emigrantes romenos que no final da década de 80, após a queda do regime comunista de Ceaușescu, emigraram para França. Ou melhor, sobre a transformação radical da paisagem rural, resultante do regresso destes emigrantes às suas aldeias de origem.  As economias dos emigrantes impuseram uma radical mudança na paisagem da região: grandes casas, em estilo francês, brotaram da terra, fruto e evidência do enriquecimento e sucesso daqueles que abandonaram a sua terra natal em busca de melhores condições de vida. O tamanho e exuberância das casas que constroem na sua terra é proporcional ao orgulho que sentem pelo seu êxito no estrangeiro.
Um mundo de contrastes quase surreal. É impressionante, vale mesma a pena espreitar.

domingo, 27 de outubro de 2013

ultimato

A mensagem do e-mail não podia ser mais clara: "Família, como sabem agora tenho uma vida muito ocupada, principalmente com os ensaios aos fins de semana (das 15h às 20h). Está complicado ir a casa. Assim, convido-vos (PRESENÇA OBRIGATÓRIA, por isso venham) a vir no sábado ao cinema comigo no âmbito do festival de cinema francês. Vamos ver "Alceste à bicyclette", que me pareceu o mais divertido e apropriado. NÂO ACEITO NÃOS! PS. Mãe, telefona-me porque preciso que me tragas coisinhas de casa."

E foi assim ontem ao serão. Já não é a primeira vez que ela nos faz isto...  Escolher os nossos filmes.  E continua a acertar. 


 De Bicicleta com Moliére, Philippe Le Guay, 2013

Gauthier Valence, actor de cinema e televisão com grande sucesso, decide encenar "Le Misanthrope", de Moliére. Viaja para a Ilha de Ré para começar a distribuição dos papéis. Espera conseguir convencer o seu grande amigo Serge Tanneur a regressar ao palco.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

penne de camarão com alho francês

A receita é já um clássico cá de casa e a Marta a cozinheira de serviço nos últimos dias. E que bem que cozinha esta miúda que diz que não quer ser chef.... quer-me parecer, a mim que sou uma amadora, que ela até tinha jeito para estas coisas da cozinha. Quem sabe se queira dedicar à nouvelle cuisine ou um dia destes, como já sugeriu a Daniela, ir fazer um workshop no Le Cordon Bleu em Paris. 

No wook colocar 3 dentes de alho esmagados à mão, um alho francês às rodelas e  um pouco de azeite. Deixar 5 min em lume normal. Adicionar 10 a 15 tomates cereja, 2 a 3 colheres de chá de pesto de manjericão e 400 g de miolo de camarão. Temperar com sal e cebolinho cortado e deixar 10-15 min ou até que o camarão esteja cozinhado. Adicionar o penne cozido e misturar, deixando em lume brando mais 3-5 min. Depois de desligar, polvilhar com salsa picada. Servir com queijo da Ilha ralado. Bon  appétit!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

conversas de mãe e filha - post do desalento

Eu sei que é difícil não cair em tentação. Que as investidas são muitas e surgem de todo o lado. Que mesmo quando já estamos muito cansados, quase no limite das nossas forças, há sempre alguém a chamar-nos para mais um jantar, para mais um copo...  E que, ainda com o rescaldo de todas as horas de sono mal dormidas e com o corpo a puxar-nos para o lado da razão, há qualquer coisa cá dentro que tomba para o irracional. Eu sei que há coisas por que temos de passar, porque só assim conseguiremos fazer as nossas escolhas, aquelas que nos vão definir como pessoas e cidadãos/cidadãs responsáveis. Eu sei que tudo isto é conversa da treta e que agora tens mais é de ir para o meio do folclore e levar com a água nas bentas. Eu sei porque também já andei por aí... E decidi que aquilo não era vida para mim. Pronto, tenho dito! Agora vou ali à TVi receber o prémio de mãe mais galinha do mundo.

Coimbra, Latada, 1988

PS. Parabéns pela audição no TEUC.

domingo, 20 de outubro de 2013

dead or alive

Banksy, o misterioso graffiter britânico, que há mais de 15 anos espalha as suas obras pelas ruas do mundo, encontra-se desde o início de Outubro em Nova Iorque com um novo projecto Better Out Than In, revelando todos os dias, em diferentes locais da cidade,  um novo trabalho. O primeiro foi este:



Mas o presidente da Câmara de Nova Iorque parece ser pouco apreciador de arte urbana, ao ponto de afirmar em declarações ao New York Post que "o graffiti é um sinal de decadência e de perda de controlo”. E, para além de ter dado ordem aos funcionários da Câmara para começarem a "limpar " a cidade, também já colocou a polícia nova-iorquina à caça ao artista, cuja identidade permanece desconhecida. Indiferente à polémica, o autor continua a sua obra. E ainda bem!

Não consigo perceber como é que se pode chamar vandalismo a isto.






sábado, 19 de outubro de 2013

cães, gatos e filhos

A determinada altura uma pessoa já nem se incomoda com os pêlos dos cães e dos gatos, que se espalham no chão, nos móveis, nos sofás. E habituamo-nos a conviver com eles, com os animais. As gatas, mais independentes, deslocam-se pachorrentas pela casa e de manhã deleitam-se aninhadas nas cobertas das camas ainda por fazer. Se o sol não se for embora, por ali ficarão todo o dia. A gata mais nova, tímida, costuma fugir para o quintal do vizinho e por lá fica, só aparecendo quando já é noite. Já a cadela anda sempre à volta dos nossos pés. Se nos sentamos, deita-se a menos de 3 metros de distância; se nos levantamos, levanta-se de um pulo e segue-nos para onde quer que vamos. Procura uma bola ou um objecto mais próximo e chama-nos tropeçando nos nossos pés e saltando-nos para as pernas. As minhas já parecem um mapa-mundo, cheias de nódoas negras. Um dia destes apercebi-me duma agitação invulgar no andar de cima. A cadela ladrava e parecia dar saltos de excitação sobre o soalho. Levantei-me da secretária e fui investigar. À medida que subia as escadas, um miado zangado e estridente aumentava de intensidade. No quarto da filha mais velha, gata e cadela ensaiavam uma espécie de dança, de frente uma para a outra. Aproximo-me e vejo a gata com um pássaro preso na boca, que defendia violentamente das investidas curiosas da cadela. Tive que agarrar na cadela com força e afugentar a gata que, num ápice, correu para o quintal com o seu troféu de caça, deixando um rasto de penas pela casa fora. E eu, incrédula e zangada, com vontade de espetar um tabefe em alguém, desatei a rir às gargalhada diante deste espectáculo. Pois, pois, para quem nunca quis animais de estimação estás a sair-te muito bem - pensei. Mas como é que eu me deixei enrolar? Como? A culpa é toda delas, das filhas, que não descansaram enquanto não me puseram a apanhar cocós de cães e a mudar a areia do mijo dos gatos. Os filhos conseguem ser muito cruéis! Às vezes só me apetece mandá-los embora a todos (cães, gatos e filhos) e ter esta casa vazia só para mim ...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

un petit monde II

Há cerca de um ano publiquei neste blogue algumas fotos do projecto un petit monde, da autoria de Kurt Moses. Entretanto as fotos deixaram de estar visíveis, protegidas por direitos do autor. Hoje, ao visitar o site do fotógrafo, reparei na existência de novas fotos e resolvi voltar a partilhar algumas. Aqui estão elas, pelo menos enquanto não forem censuradas. E se voltar a acontecer paciência, temos sempre a fonte original.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

maria e mãe

A Maria saiu de casa e foi para a Universidade. A mãe recomeçou o trabalho e deixou de lado tantas coisas que gostaria de ter feito. A Maria foi estudar ciências, mas hoje inscreveu-se no teatro e até fez uma audição. A mãe estudou ciências e hoje ouviu nas notícias que uma outra mãe, também de 43 anos, ganhou o prémio Leya. A Maria pintou o cabelo cor de beringela. A mãe voltou a cortar o cabelo curto. A Maria diz que quer fazer uma tatuagem pequena no pulso, quase imperceptível. Há dias em que a mãe lhe apetece tatuar o braço todo.

terça-feira, 11 de junho de 2013

e se outros países seguissem este exemplo?



Na Islândia o processo de democratização da vida política que já dura há dois anos é um claro exemplo de como é possível que o povo não pague a crise gerada pelos ricos. O povo islandês soube dar uma lição de democracia a toda a Europa e ao resto do mundo. Uma lição, porém, silenciada pelos media, que continuam a representar os interesses de quem gerou esta crise.

sábado, 27 de abril de 2013

é o amor



É o amor, João Canijo, 2013

Em Caxinas, freguesia de pescadores em Vila do Conde, cidade do Norte de Portugal, a relação entre a mulher e o pescador funda-se numa confiança vital, numa dependência recíproca e total para a sobrevivência da família. Porque a mulher confia e depende do pescador para ganhar a vida, e o pescador confia e depende da mulher para governar a vida.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

pequenas coisas em dias extraordinários




Gosto de fotos antigas. De fotos de família. De dias grandes. De dias de sol. De piqueniques nos dias de sol. Gosto do mar. Gosto do cheiro da flor de laranjeira. Gosto que me ofereçam livros. E de oferecer livros. Gosto de tiramisú e de bolo de bolacha. Gosto quando me dizem que somos parecidas. Gosto de festas de anos. E de cantar os parabéns. Gosto de inventar histórias. E de escrever histórias inventadas.

22 de Abril de 1960. Estava um bonito dia, mas aquela hora da manhã já se sentia um calor um tanto ou quanto excessivo. O pai conduzia o velho carro com a janela aberta, deixando entrar uma brisa morna que lhes fustigava a cara. No banco de trás as quatro conversavam e riam. Por vezes havia uma que soltava um grito estridente, uma zanga era iniciada ou elevavam-se as gargalhadas. Nessas alturas o pai, com voz grave e usando apenas três ou quatro palavras, impunha silêncio e a calma regressava. Viajaram durante horas. Quando pararam, a mãe estendeu a manta no chão e tirou o farnel. Num dos cestos trazia um grande pão de ló onde colocou cuidadosamente as velas. E a aniversariante apagou-as todas, de um só fôlego, depois de entoado o "Hoje é dia de festa, cantam as nossas almas".  Durante a tarde a filha mais velha ficou indisposta e foi descansar para o carro. O pai, a mãe e as outras filhas resolveram ir dar um passeio junto ao mar, apreciando a quietude daquela terra selvagem. Já tarde, noite escura, no regresso a casa a aniversariante ainda comentou antes de adormecer "foi um belo dia, este".

terça-feira, 16 de abril de 2013

clarice


Só escrevo quando quero, sou amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então com o outro. Agora, eu, faço questão de não ser uma profissional para manter a minha liberdade.

Clarice Lispector - A hora da Estrela na galeria de exposições temporárias do Museu Gulbenkian,  de 5 de Abril a 23 Junho de 2013.

domingo, 7 de abril de 2013

these days

These days I seem to think a lot about the things that I forgot to do and all the times I had the chance to


The Royal Tenenbaums, Wes Anderson, 2001

"Uma família americana, que nunca correspondeu aos padrões da normalidade, volta a reunir-se quando o pai, Royal Tenenbaum, regressa a casa após 17 anos de ausência."

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

as ilhas




São Jorge, Verão de 2009. Por muitas voltas dadas, há pouco que ganhe às ilhas...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

aqui há uns anos


As crianças míopes usavam óculos de massa grandes que lhes enchiam a cara e vestiam-se com fatos de treino extra-large. Algumas famílias tinham Renault 5 vermelhos com tecto de abrir onde as crianças gostavam de se empoleirar. Não se usavam cintos atrás. Viam-se mais carrinhas pão de forma com dois vidros à frente.  E havia menos carros estacionados nas ruas. Muito menos.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

capicua


Há 77 anos as cheias do Mondego obrigaram o médico a viajar de barco até à aldeia para ajudar no parto da menina que teimava em não querer nascer. Hoje o rio não inundou o vale e o dia acordou com um sol brilhante que aqueceu este Inverno frio. E foi perto do mar que a avó contadora de histórias apagou as velas num bolo decorado com chantilly e morangos. Para a próxima capicua ficou prometido o melhor bolo de chocolate do mundo. Cá o esperaremos!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

e quando chega a mania das arrumações..



Verão de 2007, primeiras férias no Pico. Encontradas num CD perdido, entre papéis velhos e canetas, bonecos mutilados e tickets de supermercados da década passada. 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

potiche

Hoje à noite na RTP2.

Potiche, François Ozon, 2010

1977, Suzanne é a mulher submissa de um rico industrial, Robert Pujol, que dirige a sua fábrica com mão de ferro. Robert é um tirano para os seus trabalhadores, mas também para os filhos e para a mulher. Quando, por causa de um problema, Robert é obrigado a descansar e passar algum tempo fora, Suzanne assume a liderança da fábrica. Para surpresa de todos, Suzanne prova ser uma óptima líder, que com a ajuda do deputado comunista, Maurice Babin, consegue parar a greve dos trabalhadores, oferecer-lhes melhores condições e reerguer a fábrica. Mas quando Robert regressa, a situação complica-se…

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

isto é um presente de aniversário

Praguejam pescadores: Ora esta, ora esta;
O mar na praia é um tambor em festa!

Danado e rouco ele há lá quem o fateixe!
O mar não anda bom...
E som, e som, som-som,
Deita a fugir o peixe.

Meus patrícios, poveiros tal e qual
É a nobreza maior de Portugal!

Mesmo sou duma aldeia à beira-mar,
E ouço-o bem duas léguas em redol:
Meio ano a lavoirar,
Outro meio ao anzol!

Meus patrícios cada qual
Tem o seu bote que é o seu casal.

Mas o oceano, o mar, não anda bom:
Ondas são trambulhões, e trambulhões de som!

Ó mar, meu brutamontes,
Música, deixa ouvi-la da noitinha;
Eu quero ouvir o murmurar das fontes
Que a noite já se avizinha...

Búzio do Mar, Afonso Duarte

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

womens who rock

Cindy Lauper, Time after time, 1984

If you're lost you can look
And you will find me, time after time
If you fall I will catch you
I'll be waiting, time after time
(...)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

flutuar

Foi assim hoje, a terminar a aula. Os olhos fechados, a água a entrar nos ouvidos e a distorcer os sons, a camuflar o barulho. Parece que andamos em círculos, mas pode ser só impressão. Vaguear. Conservar-se à superfície sem esforço.


Foto de Christopher Jonassen. Mais aqui
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